Criador de Sucesso

O Criador de Sucesso. Das ruas para os campos
Por Gustavo Ribeiro
O nosso Criador de Sucesso desta edição conta a história de um empresário que sempre viveu na cidade. Gilmar Goudard, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Senepol e proprietário da Estância Goudard, levava uma vida totalmente urbana até se encantar pelo Senepol e pela simplicidade e harmonia da vida no campo.
Essa procura por um hobby, depois de se aposentar, acabou se tornando um negócio prazeroso. Conheça um pouco da história de Gilmar e da grife Goud. Em pouco tempo de estrada, a distância percorrida na busca pelo Senepol de alto valor genético vem apresentando resultados fantásticos.
1 – Como foi o inicio de sua trajetória na pecuária e, claro, depois, especificamente no Senepol? Além desse trabalho você atua em algum outro setor?
Iniciei minha atividade na pecuária após ter ganhado de um amigo, diretor da AmBev, Eduardo França, uma égua Mangalarga. Não tendo lugar para deixá-la, busquei, a priori, uma chácara. A busca resultou na aquisição de 111 ha em uma área próxima à Uberlândia. Como a área era relativamente grande para apenas uma égua, decidi comprar mais alguns animais e, posteriormente, comecei a criar gado da raça Brahman. Nesta oportunidade, conheci o amigo e criador Ricardo Carneiro, que me apresentou o Senepol,o que encantou, principalmente por suas característica apresentadas.  Daí em diante, iniciei o investimento na raça e, hoje, posso declarar que meus negócios na pecuária estão essencialmente voltados para o Senepol PO (puro de origem). Além disso, mantenho meus cavalos, os quais viraram uma paixão em minha vida. Resumidamente, a criação de cavalo se tornou um hobby e a de Senepol um negócio que, no entanto, se apresenta cada dia mais como um “xodó”.
2 – Onde sua propriedade está localizada? 
 Está localizada na região sul da cidade, no campo  alegre, chamada Estância Goudard. Estão me  expulsando de lá, devido ao grande número de  loteamentos e condomínios construídos, estou ficando  rodeado.  A outra, chamada Babilônia, se localiza no  KM 32 da rodovia Uberlândia/Prata.
 3 – Como é a rotina na propriedade? Quantos  funcionários fazem parte da sua equipe? Quais  atividades são desenvolvidas na fazenda?
 Na Estância Goudard, conto com quatro funcionários e  nessa propriedade mantenho, basicamente, as éguas  e garanhões Mangalarga, bem como as doadoras Senepol PO, trazendo, também, os (as) bezerros (as) Senepol pós-desmama. Na Babilônia, a equipe é formada por três funcionários. Lá tenho “vacada” meio-sangue, que servem como receptoras, utilizando-as para meus acasalamentos e dispondo algumas dessas “barrigas de aluguel” para outros criadores Senepol.
4 – Qual o foco da Estância Goudard? 
Atualmente, priorizamos a melhoria e diferenciação da genética do gado Senepol, buscando melhorias qualitativas à frente das quantitativas. Outro foco é manter os meus cavalos sempre prontos para uma bela cavalgada, ou ao menos ver os peões cavalgando.
5 – Por que você escolheu o Senepol? Foi influenciado por alguém? O que você busca na raça?
A raça Senepol foi indicada pelo sr. Celson Martins, mas efetivamente apresentada pelo Ricardo Carneiro, um grande criador e um dos pioneiros da raça aqui no Triângulo Mineiro. Acredito que o Senepol, por suas características, fará toda a diferença na qualidade da carne na pecuária nacional. O Senepol é um taurino que acompanha a vacada a campo, o que é um grande diferencial, afinal, 95% da pecuária de corte ainda se utiliza da monta natural. Isso, sem dúvida alguma, faz com que o Senepol saia na frente das demais raças taurinas que não se adaptam ao nosso clima tropical e nem acompanham a vaca a campo.
6 – Como é formado o seu plantel? 
Meu plantel atual é de aproximadamente 400 animais Senepol PO. A diversidade genética que tenho hoje é bem ampla e, nos últimos meses, tenho adquirido animais variados, me proporcionando uma flexibilização para o uso de grandes raçadores Senepol. Na Babilônia,tenho aproximadamente 500 cabeças de vacas meio-sangue para utilizar como receptoras.
7 – Como é feito o trabalho de reprodução na fazenda? E como funciona a comercialização dos animais?
95% da reprodução na fazenda é realizada via transferência FIV (fertilização in vitro) ou TE (transferência de embrião). Utilizo, também, um pouco de IA (inseminação artificial) para emprenhar as doadoras e muito pouco a monta natural. A comercialização ocorre 80% na fazenda, e o restante em leilões realizados por criadores amigos, em que sou convidado a participar. Na Estância Goudard, já realizamos dois leilões presenciais, em parceria com o Ricardo Carneiro, da Senepol Soledade, eventos que foram um sucesso total.
8 – Por que o Senepol é tido como a solução para a pecuária de corte do futuro? Você acredita nisso?
Com certeza, esse é o motivo de eu apostar no Senepol. As características da raça são excepcionais: desmama de meio-sangue Senepol com aproximadamente 25% de incremento de peso; animal pronto para o abate em média com18 arrobas entre os 21 e 23 meses, com um aproveitamento de carcaça na ordem de 56%, contendo carne macia e pouca gordura entranhada; animal que padroniza a produção; mocha 95% de seus filhos; pelo fino; rusticidade; conversão alimentar fantástica; docilidade; super adaptado ao nosso clima, entre outros. O que mais poderíamos esperar senão o sucesso da raça? O Senepol irá contribuir muito para a melhoria de nossa carne, em quantidade e, especialmente, em qualidade.
 9 – Nos últimos leilões de Senepol você vem investindo pesado.  Quais as metas da Estância Goudard para 2012/2013?
Como comentei anteriormente, tenho buscado uma genética de ponta e bem diversificada, perseguindo o que tem de melhor na maioria dos plantéis de Senepol no Brasil e no mundo. Busco, constantemente, a melhoria e a evolução na genética Senepol para, como outros criadores de ponta, também fazer parte do time de elite, tornando-me  um referencial de qualidade dentro da raça.
10 – Como você avalia a atual situação da pecuária de corte brasileira? O que pode melhorar?
Para os criadores de corte convencionais, acho que está muito complicado, afinal a conta não fecha. É necessário buscar alternativas para a maior eficiência produtiva, o preço da arroba tem que melhorar, mas também temos que nos tornar mais eficientes, e é aí que entra a heterose, e o Senepol é uma alternativa que não pode ser descartada.
11 – Como presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCBSenepol), quais são os seus maiores desafios frente a associação? O que vem sendo feito? 
Tenho desenvolvido dentro da associação, junto com nosso quadro de diretores, uma linha de transparência na condução de processos, preocupado com o intercâmbio entre os criadores, na tentativa de mostrar tanto no Brasil como no exterior o grande potencial brasileiro da raça Senepol. Hoje já temos o maior rebanho mundial da raça e ainda somos embrionários no paísl. Crescemos 40% ao ano, e isso nos motiva a trabalhar cada vez mais pela raça. Com o SRG (Serviço de Registro Genealógico), o manual do criador e o manual técnico revisado, atualizado e modernizado a credibilidade perante os atuais e possíveis criadores aumenta, reforçando o crescimento da raça. Acreditamos que nossa principal meta é aumentar a união entre os criadores e dobrar o número de criadores e de animais. Ela poderá ser alcançada com relativa facilidade se trabalharmos com empenho.
Nossa chapa foi uma coligação, tivemos um trabalho forte do nosso vice, sr. Jairo, com os criadores de São Paulo, nosso diretor de eventos sr. Guilherme, que atuou no Mato Grosso do Sul, aqui no Triângulo e Goiás. Tivemos grande apoio dos criadores locais, o que fez obtermos 100% de aprovação na urna. Isso nos traz muita responsabilidade na condução da associação.
12 – No dia 19 de setembro, você recebeu diversos  criadores de Senepol na sua propriedade, para  acompanharem a transmissão do Leilão Vitrine do  Senepol. Como foi o evento? Qual a importância  dessa união entre os criadores para acompanhar o  que acontece com a raça?
A ideia é ter apoios múltiplos aos criadores que  organizam leilões virtuais. Fizemos o mesmo no  Camaru, com o Leilão Genética Nova Vida. Nos leilões  do CP/Soledade nos reuníamos na Cachaçaria Água  Doce.  Sempre que nos for solicitado o apoio logístico  para melhor divulgação de qualquer evento Senepol,  estaremos prontos para atender. O evento, além de  tudo, se mostra como um momento de confraternização com os colegas criadores e pretendentes a entrar na raça. Acredito que a nossa contribuição acaba marcando presença forte no evento, proporcionando a possibilidade de ter amigos presentes lançando. Em geral, é um leilão virtual com o calor de um leilão presencial (risos). Nesse leilão também fomos vendedores de uma fêmea.
13 – O que mais o faz sentir realizado no seu trabalho?
Ver os bichinhos vermelhos na pastagem… (risos) um acasalamento feito que deu certo, presenciar animais diferenciados, entre outros. O grande diferencial prazeroso são as amizades. Os problemas chatos de resolver são as pequenas brigas que, vez ou outra, acontecem.
14 – Seu filho, apesar de jovem, já ingressou no agronegócio. Para você, qual é a importância da família para os negócios?
Meu filho Rafael está começando a pegar gosto pelo negócio, nós não éramos do ramo, nossa vida era 100% urbana, acho que ainda continua, mas aos poucos ele está encarando a pecuária como negocio, mas o que realmente ele gosta é do Senepol e de sua égua Nataly.
Meu filho Gustavo acaba de se formar em Economia na UFU e está lutando para entrar no mestrado, acho que ele é mais urbano e não vai encarar a roça (risos), mas como o Senepol está acontecendo e no futuro será um marco na pecuária nacional, quem sabe…
Minha esposa Neiva não vende, não dá, não empresta, ou seja, não tem negócio com nossa sede na Estância, lá é ela quem manda, cuida de tudo, e olha que dá muito trabalho. Já me deu o recado: se você vender, eu não assino. Então, meu amigo, só me resta obedecer (risos).  Fizemos um teste no Leilão Genética e deixamos a Neiva dar lance numa doadora Senepol de nosso interesse, só não a podemos se deixar acostumar, ela tem uma mãozinha pesada demais ( risos). Se a família não estiver no negocio, ou ela o apoia muito no que você está fazendo ou as divergências passam a ter um peso no relacionamento muito grande. Ou estão juntos ou o apoiam. Na minha visão, essa é a regra maior.
Credito a Revista InteRural de Uberlândia.
Link da Matéria:http://www.interural.com/interna.php?referencia=revistas&materia=1493

 

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